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Lume

terça-feira, 30 de março de 2010

Réquiem precipitado à suposta morte da Poesia

Houve quem disse que a Poesia morreu.
Ao ouvi-lo, recuso-me terminantemente
a aceitar o fato. Rejeito, edipiano,
a ideia de cortar o cordão
umbilical.

Se me mostram o corpo,
serei como a amante mais desconsolada
ou como criança cujo pai
caiu sem vida.
Chorarei, espernearei,
lamentarei um luto infindável.
Velar-lhe-ei a necrose
num pranto de sete eras
e declararei guerra a Deus.

Eu o farei.

Ainda que a Poesia
tivesse sido puta barata,
que se vendesse a pouco
ou a quase que nada.
Mesmo que tivesse sido
uma virgem frágil, facilmente corrutível,
que se umedece ao primeiro toque da mão
e diz que não
que quer que não que quer.

E mesmo sendo o Poeta um mendigo,
um amigo pidão.

Neste mundo de sombras,
e tantas glórias silenciosas,
o Poeta implora
a esmola de dois minutos sinceros
da tua atenção.

2 comentários:

Lua disse...

Parabéns Conrado, sua poesia me fascina, continue e seja feliz!

Lis Motta disse...

um daqueles lidos por muitas geraçoes...como o de sete faces.

sempre melhor.
sempre demais!