O corpo está e a alma é.
Alma cabeça, o corpo o pé.
Alma alimento, fonte, vida.
O corpo um receptáculo, um filtro, uma saída.
O esquema todo inspira a tal inquietação:
respiração, fadiga, briga, reconciliação.
Uma coreografia, um diálogo, se há dramaticidade,
concepção de símbolos, à genética de outras verdades.
O corpo veste uma vontade, uma intenção.
A alma é o fogo eterno dessa mesma inclinação.
Aquele é o desenho no papel estático.
e esta é quem lhe torna o estado em animado.
Ele são dentes, lábios
e ela é o sorriso.
Ele são olhos, cilhos, pálpebras,
ela é o olhar.
Ele são as pernas,
ela o caminhar.
Ele se faz lágrima,
ela se faz choro.
Ele é a vela,
ela é o fogo.
ela é o fogo.
O corpo é o campo de batalha,
o batalhão, as armas.
A alma é o rei a quem
a glória da vitória se consagra.
O belo e a beleza.
O elo e a natureza.
O espetáculo e a arte,
o ator e o personagem.
A alma pode, o corpo rende,
o corpo morre, a alma ascende.
Corpórea fosse, a alma entenderia,
almado sendo, o corpo é alegoria.
O corpo é algo,
a alma é tudo.
A alma canta alto e agudo.
O corpo canta largo e obtuso.
O corpo carrega a alma que escorrega.
O corpo corre, a alma ecoa;
o corpo dorme e a alma voa.
O corpo ao norte,
a alma à proa.
O corpo há que ser forte,
a alma há que ser boa.
Um comentário:
dualísticamente belo!
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