Tu és a coisa, és o mistério todo
ardendo em cânticos e carnavais.
Tu és a lousa, a arte final, o esboço
o traço que eu quis traduzir, por mais
que eu não pudesse ainda ali chegar.
Se, nesse divagar meu, encontrasse,
depressa ou devagar, um devaneio
que em meio a meus quebrantos me dissesse
por que te estou tão rente o tempo todo...,
por que te quero, quente, frio ou morno,
ser tudo, tudo o que te cerca, o seio
tão vivo que te abunda, em que te espero
e a ti fecunda máximo e genérico
e fértil te faz tão feliz de novo.
(D. Cândido Cordeiro)