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Lume

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Omni Ser Uno Síssimo

para E.E. Cummings, Isadora M. e todos nós


umas parvas parcas falhas outras
várias malhas caras caem livres
mais declives criam mais gritantes
formas de embriões, embebem cores mais sutis

plácidos valquímeros calcantes pesam
vibram, arre, pendem dum cabresto externo
canticíssimos se rendem a querer e a suspeitar
nas quinas todas químicas que me se tornariam, ora
ela na cena das calmárias queimantões amores

vértices de muitos véus se encristam
desêjosos de tato e virtude ao ponto 
chave da partida do constante ziguezague
dos curvículos reticentinos alpinistas

do criar-te-nos um istmo dentre quais sombras
sobras distorcidas coloradas idas fotodescendentes
piscam dum calar num carcarejo vivical
polivativamente e tal, cantante (por que não?)

seguintemente os primos, prímeiros palquistas
consequentemente sincompõem meiguices
inarticuláveis tons coreografadamente líquidos
milagres, com se tudo embrenhar-se-ão por vezes
na inverdade mista de verdades câmbias e cambotas


bem, sabemos, mas não bem exatamente
quantas certamente se fariam possibilidades
se um se prestasse a lançar-se a fazer
muito bem daquilo que se quisesse e contemplasse

a magnitude cálida e dançante
dos quês inúmeríssimos que advêm
do Omni Ser Uno Síssimo
Lúcia de Glória e Conceição Sofia. 

5 comentários:

Diego Barbosa disse...

um primorável aprimoramento estilístico.

nota: teu divino é indubitavelmente geminiano.

nota 2: sabes que não cosigo manter-me determinado sobre algo por muito tempo. aquela fajuta proposta de reescrever o Gênesis se esgotou muito rápido e nem tive coragem de postar a segunda metade, mas sinto-me satisfeito com a postagem apenas pelo comentário que escreveste. muito mais que uma lisonja. muitíssimo mais.

Unknown disse...

tudo por aqui é de um brilho bonito. bonito e generoso. tão generoso quanto o sol no fim da tarde, que só se dá por satisfeito quando termina de pintar de dourado o último remo do último pescador...

batata me disse que você disse que os poetas escrevem para os poetas. é mentira! você é poeta, e, apesar desse poema ser um imenso novelo, ele se dirige à vida enquanto potência.

obrigada pela lisonja, querido-poeta.

e parabéns pelo cd!

beijos,

i

Diego Barbosa disse...

"A face do meu Deus iluminou-se.
E sendo Um só, é múltiplo Seu rosto.
É uno em seus opostos, água e fogo
Têm a mesma matéria noutro rosto.
Alegrou-Se meu Deus.
Dessa morte que é vida, Se contenta.
O Deus de que vos falo
Não é um Deus de afagos.
É mudo. Está só. E sabe
Da grandeza do homem
(Da vileza também)
E no tempo contempla
O ser que assim se fez.

É difícil ser Deus
As coisas O comovem.
Mas não da comoção
Que vos é familiar:
Essa que vos inunda os olhos
Quando o canto da infância
Se refaz.

A comoção divina
Não tem nome.
O nascimento, a morte
O martírio do herói
Vossas crianças claras
Sob a laje,
Vossas mães

No vazio das horas.

E podereis amá-lo
Se eu vos disser serena
Sem cuidados,
Que a comoção divina
Contemplando se faz?

Vereis um outro tempo estranho ao vosso.
Tempo presente mas sempre um tempo só,
Onipresente.
A dimensão das ilhas eu não sei.
Será como pensardes ou como é
Vossa própria e secreta dimensão.
Às vezes pareciam infinitas
De larguras extremas e tão longas
Que o olhar desistia do horizonte
E sondava: ervas, água
Minúcias onde o tato se alegrava
Insetos, transparências delicadas
Tentando o vôo quase sempre incerto.

O peito era maior que o céu aberto.
Parávamos. E sabeis
Que o que contenta mais o peito inquieto
É olhar ao redor como quem vê
E silenciar também como quem ama.

Éramos muitos? Ah, sim
Eram muitos em mim.
O perigo maior de conviver era o perigo de todos.
Nosso Deus era um Todo inalterável, mudo
E mesmo assim mantido. Nosso pranto
Continuadamente sem ouvido
Porque não é missão de divindade
Testemunharo pranto e o regozijo.

O que esperais de um Deus?
Ele espera dos homens que O mantenham vivo.

E os verdes, os azuis, o chumbo delicado
De umas tardes, a pureza das aves
Os peixes de verniz
Na abertura mais funda de umas águas"

- Hilda Hilst, "Exercícios para uma trajetória poética do ser"

Diego Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diego Barbosa disse...

Quando disseste "frio!"
Aternurei-me
Quendo dissete "rude!"
Aquietei meus humores
Sombras de atos acalantados por meigas sutilidades
Falas gentis em meio a turbas eumesmísticas
Em um baú-coração preservo pérolas e versos
Abraços e olhares ternos
Que foram a mim regalados
Por meu irmão
Meu menino