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Lume

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As Claves do Verso

A Vida, esse componente único que te foi dado
Ela, donzela mista de metassensações inúmeras
presentear-te-á com vestimentas várias .

As vestes, vezes, vão-te ser impostas
e os investidos nem por sempre
a ti agradarão mas serão
sinceros e amorosos no envolver.

Algumas outras vestes vão-te ser apresentadas 
em vítrines que a Vida dá seu jeito de montar;
e dentre elas poderás-te escolher as que te mais aprouverem.

Ora, serão muitas, 
e de certeza serão belas.
Elas se te exporão flertosas
sedosas, sedutoras,
queridas, caridosas.

Se acaso delas te chamar a atenção
um azul muito claro,
talvez um roxo doce e profundo
ou ainda um tom picante
entre o vermelho e o alaranjado
de uma paixão não sem sublimação,
não sem o estado ensimesmado 
de contemplastificação do Todo,
e decidires, nestas cores, 
tecer-te o manto do Poeta:
é para ti esse poema.
Sê bem-vindo.

Escolhe tuas cores,palavras - os fios que tens,
botões e retalhos - e não te preocupes à priori
com técnica, bom-gosto, estilo aprimorado.
Sê cru, honesto, sanguíneo, veraz.

Verás que que o teu outfit a ti se fará
e terá já em ti as vontades que se há.
Ele te servirá de pomposo uniforme
para adentrares o prisma
da Escola Viva de Poesia Mundo

O Caminho do Poeta, 
decidido à servidão do Belo,
terá charadas, enigmas.
Precisarás de amuletos, códigos e dedos hábeis.

Deves ouvir as vozes dispersas;
favor atentar.

Queres proferir boas novas?
Queres a plumas fazer a cama 
onde se deitará o futuro?

Queres andar os degraus de uma pétala?
Estás pronto a espiralares-te inteiro em virtude do Verso?

Preparaste-te para passares a eternidade 
a contemplar o Horizonte do infindável Sim
do Universo, único verso, Signo Magno, palavra maior?

Deverás resgatar as chaves.
Cada palavra um baú que se abre
e revela uma pista, um enigma e mais um baú
que por sua vez, quando aberto, 
revela outra pista, outro enigma
e um outro baú e as camadas
de pele translúcida e bela
dos Sinais e do Verbo
hão de ser metaorgânicos
e seu o ponto mais dentro há de ser
o seu mais saliente, pela inversão
destilada de imagens de que se vale a Verdade.

Deves desenterrar os tesouros
e em fios de ouro dispô-los 
numa oferenda à Poesia.

Eis o teu Poema. 

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