Emoriô é o elo.
O belo
que te encontra no que te proporciona
o ser (que é
a soma de todos os verbos).
Que coma, canibal,
antropofágico vital espécime,
o vértice carnal
dos seus Exus:
não queres tu
expor a cor, o sal, o som e tal?
Emoriô pode ser a emoção.
A sensação do sem igual.
O foco in loco exposto
num rosto vasto e animal.
Emoriô conforta -
aborta a nossa frota
de medumes e anedotas
mortas e os transforma
em outras obras - muito, muito mais.
É com o que sonhas?
Não é o que sois?
Mostra-nos, pois,
amálgamas e fadas
volantes e risonhas
a sobrevoar os almais.
(Lúcio Veríssimo)
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Lume
domingo, 30 de outubro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
Soneto para Permitir
Permite, amor, que chegue a ti melhor
ternura que talvez te tenham dado
estados de torpor, calor, orgasmos
espasmos, calmos fogos e sabor.
Sabendo tu de mim. eu sei que chegas;
Contendo tudo, um sim a mim não negas...
por dentro arde, eu vi que tinhas algo
ali que reluziu - e eu mesmo galgo
esferas novas para tu brincares,
altares lânguidos para as deidades
e inéditos acordes doces, fortes.
Três nortes te farei pra que tu escolhas
e bolhas e cristais pra que componhas
amores por que tu vives e morres.
Cândido Cordeiro
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Compreendesses
Se viesses, mulher
se fosses tu capaz de cruzar
a ponte que daí te parece muito
maior do que realmente é.
Se pudesses, mulher, perceber que és taça
em que muitos derramam-se, líquidos
e de quem muitos bebem, hávidos, sedentos
das infusões que só tu és capaz de conter.
Compreendesses tu que sou também eu
liquefeito e que estou o mais quente, a mais
escaldante de todas as poções que se te expõem
e de que experimentas. E sei, mulher
que isso te assusta, e toda essa
temperatura faz com que t{r}ema
o momento do t{r}oque o teu fino
cristal com que confeccionada tu foste,
mas que a ideia é mesmo
essa e depois dessa prímeira dor
teu calor e o meu hão de estabi-
lizar-se pois assim são as coisas
e eu sei - te questionas - por quê.
Pois eu digo-te que este o quentor que me
queima, o bafor que me sobra é
pra te derreter e fundirmo-nos-tórna-nos
pra te derreter e fundirmo-nos-tórna-nos
um doutras águas, também doutras fontes,
cachoeiras e rios de fluidez inteiríssimamente nova:
cachoeiras e rios de fluidez inteiríssimamente nova:
obras-primas, segundas, terceiras e quintas
que essas quatro paredes vão testemunhar.
Alto lá!,
alto há, porque eu vi, nós subimos os dois
alto há, porque eu vi, nós subimos os dois
e disseste de coisas que eu não ousarei
repetir sob hipótese alguma, mulher, pois
são coisas que só à tua alma pertecem e há a-
té que tu não ma cedas, não há que fazer
senão dançar sensual e ritualisticamente
em torno do fogo da tua
existência sem par.
Por: Cândido Cordeiro
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Trinta Vidas
O abismo em que eu habito
o hábito do apito, o hálito do grito
o típico sorriso e o pátio sem meninos
Meu ávido respiro, vívido, esquisito
circo dos malditos, válidos vestidos
visto em quatro, cinco, sete ritmos
Vivo desses giros, viro muito mais
dos brios dos bandidos e outros vícios
antepastos, anticristos e cristais sadios.
Queira que melhore; florem dois botôes
à beira dos alforges e se movem solidões
dentre os maiores porres dos sertôes.
Dormem as meninas,
perdem-se a sonhar
e nos seus sonhos há
outras meninas.
Ponho aquilo que quiçá seria
meu castelo de quimeras lindas,
meu castelo de quimeras lindas,
elo de eras púrpuras e vindas,
no meu bolso com pedrinhas e algodôes.
Sigo no deserto à luz do céu onde eu enxergo
teu sorriso, moça. Sim, que ele é o céu
que eu vejo, que eu desejo e que não pego.
O céu cujas estrelas
guiam-me o caminho
e moldam meu espírito.
terça-feira, 17 de maio de 2011
como o Sol, como a Chuva ou Trovão
Deveria, em teoria, ser fácil amar-te
mas como em dimensão humana,
raça essa tão imersa em teias,
pouco de simplório haja,
o labor de entregar-te
o amor que há em mim
é uma arte que requer
treino e condicionamento.
Simples o é, de princípio.
Porque chegou e instalou-se
porque simplesmente sim.
Tão ditador e peremptório quanto Deus.
Todavia a esse mesmo Deus
agradou-Lhe que não,
que tu não me amarias e pronto.
Deveria ser fácil, mulher, também para ti
receber esse amor tão magnânimo, doce
receber esse amor tão magnânimo, doce
trouxe a mim várias cores, e a ti um espelho
mágico que te faz mais bela, e ao te olhares
nele refletida mais bela te tornas.
por Cândido Cordeiro
Este amor que me assola
é um imenso jardim
é um imenso jardim
que me encoube florir
e velar-lhe as acácias e as rosas
e orquídeas e outras espécies
e orquídeas e outras espécies
de flores tão ímpares
que o meu amor fez crescer
e que esperam-te a ti para lhes batizares
e que esperam-te a ti para lhes batizares
com o nome queiras.
À entrada teço um lindo tapete,
um pequeno tapete. Pequeno
e simples, com os dizeres
“Bem Vinda à Casa”
ou o que mais te aprouver
que lá esteja escrito porque também
que lá esteja escrito porque também
esse tapete é mágico e que te adivinha
o querer pois o teu querer é o querer
do meu coração cujas cordas
tu tocas como a um violão.
o querer pois o teu querer é o querer
do meu coração cujas cordas
tu tocas como a um violão.
Cordas que usei pra coser o tapete.
Só não queira que morra
este amor que está aqui
mesmo que tu não queiras
entrar o jardim ele existe
pra quando lhe precisares.
pra quando lhe precisares.
E não digas que não
e te peço que aceites
ao menos e reverencies
a grandeza do amor que há
em nós, mesmo que apenas em mim
sem ti não o haveria, pois a ti
te pertence e fazer o quê
na vida há coisas que há que aceitar
como o Sol, como a Chuva ou Trovão.
segunda-feira, 14 de março de 2011
O corpo está e a alma é.
O corpo está e a alma é.
Alma cabeça, o corpo o pé.
Alma alimento, fonte, vida.
O corpo um receptáculo, um filtro, uma saída.
O esquema todo inspira a tal inquietação:
respiração, fadiga, briga, reconciliação.
Uma coreografia, um diálogo, se há dramaticidade,
concepção de símbolos, à genética de outras verdades.
O corpo veste uma vontade, uma intenção.
A alma é o fogo eterno dessa mesma inclinação.
Aquele é o desenho no papel estático.
e esta é quem lhe torna o estado em animado.
Ele são dentes, lábios
e ela é o sorriso.
Ele são olhos, cilhos, pálpebras,
ela é o olhar.
Ele são as pernas,
ela o caminhar.
Ele se faz lágrima,
ela se faz choro.
Ele é a vela,
ela é o fogo.
ela é o fogo.
O corpo é o campo de batalha,
o batalhão, as armas.
A alma é o rei a quem
a glória da vitória se consagra.
O belo e a beleza.
O elo e a natureza.
O espetáculo e a arte,
o ator e o personagem.
A alma pode, o corpo rende,
o corpo morre, a alma ascende.
Corpórea fosse, a alma entenderia,
almado sendo, o corpo é alegoria.
O corpo é algo,
a alma é tudo.
A alma canta alto e agudo.
O corpo canta largo e obtuso.
O corpo carrega a alma que escorrega.
O corpo corre, a alma ecoa;
o corpo dorme e a alma voa.
O corpo ao norte,
a alma à proa.
O corpo há que ser forte,
a alma há que ser boa.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Sou Sim, não Não.
Sou pequeno. Feno que se serve
de alimento às pastagens santas
da Eternidade.
Sou uma
pequena ampulheta
com asas.
Sou brasa.
Química que esvai-se em várias
faces e sabores. O doce e o amargo
de minh'alma salgam e salivam
boca de qualquer estrela ao Leste.
Sou ponto, círculo, roda, rota
colisão de sinos.
Sou pronto, ríspido
em notas e factíveis ângulos
meta
giro
outono, inverno.
Crio-me e descreio
o meio, o devaneio todo
que insistiu em vir não sem sinceridade.
Visgo, resma, sobra, sombra
de intenção à meia luz insinuada.
Fada, foda, armada em dentes reluzentes
ventres de três mil mulheres.
Molha, beija, enrola tua língua à minha
como fiz com tantos, tantas, muitas taras
de algum outro fosse meu.
Queimo, brando, manso, embora
a fera esteja à solta, danço com tuas esquinas
quatro vezes no entre-espaço de um olhar. Viveu.
Peço, nego, gozo cinco, seis, sete mil vezes
essas vezes que nem sei
não me pergunte como aconteceu.
Vago, cego, certo, entregue, imberbe
deixo mais que se encarregue
quem mo atribui.
Eu sou referência ao outro
que sou eu também num outro
andar-perspectiva.
Eu sou espermatozóide breve
numa gozada cósmica bem dada
em busca de celeste ovulação.
Sou Sim,
não Não.
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