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Lume

terça-feira, 4 de maio de 2010

para Bianca

olha
meus dedos, que
a ti tocaram-te
e à mornidão e à áspera
pequenez
-vês?não remontam meus
dedos. Meus pulsos mãos
os quais retiveram carinhosamente o suave silêncio
de ti(e teu corpo
sorriso olhos pés mãos)
são diferentes
do que foram outrora. Meus braços
em que tudo de ti se dobra
quieto,como uma
folha ou'ma flor
nova feita pela Primavera
Ela própria, não são mais meus
braços. Eu não mais reconheço
como eu mesmo este que acho ante a
mim num espelho. eu
não creio
que eu jamais tenha visto algo assim;
alguém a quem tu amas
que é bem mais esguio
mais alto que
eu adentrou-se e tornou-se tais
lábios com quais eu falava,
uma nova pessoa está viva e
faz gesto com os meus
ou talvez sejas tu quem
com a minha voz
estás
jogando.
Poema por E.E. Cummings
tradução por Conrado Segal

4 comentários:

Lis Motta disse...

Caracas! é muito lindo!!!!
Cummings é o rei.

Obrigada, Conrado.
Só você, véi...rsrs...

Vinícius Rocha Zocolotti disse...

ai, que agonia...acho q é a hora, n consegui terminar d ler...se quer começar direito..ahhahah

mas o nome do autor é meio pornográfico...rsrsrs

Diego Barbosa disse...

aquele que havia lhe dito

Elegia 1938 - Carlos Drummond de Andrade



Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,

onde as formas eas ações não enceram nenhum exemplo.

Praticas laboriosamente os gestos universais,

sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.



Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,

e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.

À noite, se neblina, abrem guardas chuvas de bronze

ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.



Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra

e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.

Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina

e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.



Caminhas por entre os mortos e com eles conversas

sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.

A literatura estragou tuas melhores horas de amor.

Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.



Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota

e adiar para outro século a felicidade coletiva.

Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição

porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

Diego Barbosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.