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Lume

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Varredura

As notas da canção malogram, sujam
o silêncio, bem como as muitas cores
dum'aquarela à tela - branca, alva,
inocente, parva - sujam, contaminam:
com-paixão.

Ântropos pintam suas cores
num mundo desvirgem e dão
continuidade a um trabalho
do qual eles mesmos produto são.

O bicho maestro
rege uma sinfonia
de urbes e de orbes
e de urlos e oboés
muito enquanto polui
seu planeta e a si.

Eu, ora, também me sinto sujando
folha em branco co'a tinta negrume
da caligrafia que quiçá seja ininteligível
m e s m o a m i m.

e ora eu sinto algum
incontrolável impulso
de sujar-me de alguém talvez tu

(esporquemo-nos, pois)

E então eu me sinto
voraz pacientemente
tentado a pensar
que tudo é, sim, assim
mesmo, e talvez que se suje
tanto quanto se limpe
e que não há nem há
de haver ordem que não

d e s a t e

deorsaginze
ou
d e

s c o n s
trua

a não ser
o i m u t á v e l
constante ir e vir

do Ele Sim.

2 comentários:

Unknown disse...

conrado, querido, repito a você o que uma vez escrevi a lis: fico feliz que minhas linhas me aproximem das pessoas...

a minha incompetência de conviver sem torturar faz de mim uma espécie de monstro, que acusa as pessoas por "frios" e por "calores", nas jaquetas e nas vidas...

deveria te agradecer pelo frio na jaqueta...rsrsrs.

e, no mais, estou contente que sejamos melhores amigos, ao menos assim.

como-vida,

i

Diego Barbosa disse...

tão belo e fluido quanto um lamento sussurrado ao pé d'ouvido.