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Lume

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sou Sim, não Não.

Sou pequeno. Feno que se serve
de alimento às pastagens santas
da Eternidade. 

Sou uma
pequena ampulheta
com asas.

Sou brasa.

Química que esvai-se em várias
faces e sabores. O doce e o amargo
de minh'alma salgam e salivam
boca de qualquer estrela ao Leste.

Sou ponto, círculo, roda, rota 
colisão de sinos. 

Sou pronto, ríspido 
em notas e factíveis ângulos
meta
           giro

outono, inverno.

Crio-me e descreio
o meio, o devaneio todo
que insistiu em vir não sem sinceridade.

Visgo, resma, sobra, sombra 
de intenção à meia luz insinuada.

Fada, foda, armada em dentes reluzentes
ventres de três mil mulheres.

Molha, beija, enrola tua língua à minha
como fiz com tantos, tantas, muitas taras 
de algum outro fosse meu.

Queimo, brando, manso, embora
a fera esteja à solta, danço com tuas esquinas
quatro vezes no entre-espaço de um olhar. Viveu.

Peço, nego, gozo cinco, seis, sete mil vezes
essas vezes que nem  sei
não me pergunte como aconteceu.

Vago, cego, certo, entregue, imberbe
deixo mais que se encarregue 
quem mo atribui. 

Eu sou referência ao outro 
que sou eu também num outro
andar-perspectiva.

Eu sou espermatozóide breve
numa gozada cósmica bem dada
em busca de celeste ovulação.

Sou Sim,
não Não.

3 comentários:

me disse...

Não poderias ser sim sem ser não. Gostei muito :)

Diego Barbosa disse...

Adoro essa poesia moderna! Cheia de pronomes pessoais, lingüelástica e ao mesmo tempo ríspida e polida, agri e doce. rsrsrrsr

Sem gastação Segal. Gostei muito :)

Magno Araújo disse...

Dia e noite, morte e vida, amor e ódio, guerra e paz. Gosto porque é poesia da boa. Fico orgulhoso pois é de minha cria.
Magno