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Lume

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

when faces called flowers float out of the ground

quando faces chamadas flores flutuarem do chão
e respirar for querer e querer for ter-
mas manter é pra baixo e é dúvida e nunca
-é abril!(sim,abril;meu bem) primavera!
sim,  pássaros brincam tão vivos quanto podem voar
sim o peixinho brinca tão alegre quanto pode ser
(sim as montanhas dancelebram juntas)

quando cada folha se abrir sem ruído
e querer for se ter e se ter for se dar-
mas reter é pontuar e é negar e é absurdo
-vivos;somos vivos,querida:é(beija-me agora)primavera!
agora os passarinhos pervoam como ela e como ele
agora o peixinho tirita para como tu e como eu
(agora as montanhas dançando,as montanhas)

quando mais do que foi perdido é achado é achado
e ter for se dar e se dar for viver viver-
mas conter é escuro e é inverno e definha
-é primavera(toda nossa noite vira dia)oh,é já primavera!
todos os passarinhos mergulham no âmago do céu
todos os peixinhos sobem pela mente do mar
(todas as montanhas dançando;dançando)

original: E. E. Cummings
tradução: Conrado "Fingertips" Segal


http://www.ftrain.com/poems_cummings_flowers_float.html

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Qual terá sido o tempo?

O mundo anda mesmo cheio de cores,
cores muitas, sutis coléricas cores.

O mundo anda ostentando
uma complexidade mesmo fora
da minha total compreensão ou consenso.

Andando as calçadas pixadas da vida
eu ando à procura da cor dos olhos
de avenidas, outdoores e anúncios
de cores soberbas supostos colírios
cantando em falsete.

Nesta aquarela moderna as cores
transitam-se violentamente
sem nem degradê, e os frâmes
são como porradas nos olhos.

Altares de Sórum se ergueram nos nossos
pomares de sonhos. O silício do tempo e o cansaço
bateram nos ombros da outrora sã vida.

Qual tempo terá sido esse em que o Medo tomava o poder?
Qual vento maligno seria esse que destronaria o Amor do seu Reino?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Pele do Universo

A pele do Universo
 - com a qual nossa consciência nos põe em contato -
transpira signos; deuses.

É mister alfabetizar-se em sua linguagem pluralística...
É preciso traduzir a tez do divino à linguagem mundana...

Os olhos do Mundo
não apenas enxergam as cores e as coisas.
Deliberadamente aos objetos - opacos ou luminosos -
a consciência do Mundo à própria luz 
ao ver-se altivamente lhes deduz dizeres,
ao verde expõe-se às plumas,  seduzindo-se ímãs
ao ser-se, se traduz em brilho,                                                          altezas
                                                                         texto-tato, faro,
conduz-se a ir-se em sinestésicos sabores, 
e produz indizíveis muitas outras cores: versos.

Eu aprendiz,
concentro-me naquilo que, 
penso que me diga o Cosmo e escuto 
e vejo se condiz co'aquilo que Ele mesmo 
quer Sim pronunciar quando é minha voz.

Feliz, muito felizmente
o Seu discurso é sempre coerente
a quem faça atenção presente. Há quem O tente.

(!)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quatro Amores

O espaço, e ainda mais, a imantada matéria
dos clímaxes sonoros, lúdicos, luminecentes,
num salto - fogo - celebrar-se-ão mais vidas;
produzirão reflexo, espelho, d'alma, ventre.

Depois ao tempo encontrarão; às duras horas,
serão mais níveis de percepção: limite, cura...
Em riste hei sempre preso entre um porvir momento
e um indo, ido, feito, fato: perconcluso o sempre agora.

Questões aéreas surgem repentinamente;
creio que do conflito dos porquês, das crises.
Explicam-se, replicam-se, desmentem-se e repetem-se.
O ar que à terra aos poucos faz leve poeira, 
que ao fogo excita-se ou consome-se conforme queira.

E a água vem lavando tudo, remixando
fluidificando máculas, dissolve, envolve e chove.
Sem água, tudo seria metal e névoas, 
quem sabe rocha aqui, pedra de lá;
sem água não seria possível Pétalas.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O Segredo de Vívian


sim, pois bem, e os impropérios ditos
simples que os morrendos metem na dulcilidade
de inocentes bem-serventes límpidas palavras
e fazem furacões de caos em torno do viver

é simples, eu repito, o segredo de Vívian
talvez tão simples que o negueis, primeiro, ao vê-lo
não credes pois que haveis atônitos ao diante
de uma supostamente atraente complexidade

há dois - sabemos - seres a se contemplar
o ir-e-vir redondo dos nossos nasceres
e não há mais morreres porque tal fenômeno
se dá nascendo noutro plano, oitava, andar

deveis olhar profundo nos temores-chave
devei-lhes encarar soberbamente as fuças
e adentro mais ainda até que se embaracem
e assumam que tão bem maior temer-vos-iam

ceder jamais devemos a treva nenhuma
tenhais passado fome, sede, frio ou vício
tenhais gritado um nome mau, tenhais descrido
sabei, por bem, que luz jamais há de faltar

mergulha, dócil, na  tua palavr-a-mór
desnuda o cógito nesta uma nova em folhaflor
não olhes Luz diretamente, olhar em vez
na mesma direção a que ela aponta, vês?
deixá-la guiar-te a vista e não cegueis tu'alma

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Lógica Poética Dele

Deixe-me, em poucas palavras, colocar
que Deus (escolho essa palavra justamente
por sua polemicidade) existe.

Com uma boa dosagem 
de lingueslasticidade
lá se chega.

Conciliarei, conciso, em forma 
de poesia (a forma
de texto mais eloquentista
que o Homem jamais conseguiu
produzir)
Ciência (dentro dos conceitos
mais limitadíssimos
que o popular de nossa 
época repõem)
e (não direi Religião
porque a própria ciência
moderna cabe dentro
de sua definição)
Ele.


Tomem por verdade
(pelo silogismo do meu verso)
que Tudo, no começo das contas
é composto da mesmissississima coisa... -
tenhamos por variáveis 
da equação poética
algo como Nêutrons Prótons e Elétrons (falando assim num dialeto mais universal) - 
e, ora, se tudo é o Mesmo,
esse tudo se comportam mais ou menos
dentro de um padrão.
Portanto pode-se tomar qualquer coisíssima
de exemplo.

Tomemos, pois
a Nós, então, por julgar que nos conhecemos
ou nos devemos conhecer:

Dum padrão, então
muito garranchadamente delineado
poder-se-ia alegar que Tudo nasce,
reproduz-se, e morre (Brahma Vishnu Shiva).
Né?

E então digamos que nós cremos
que temos uma tal suposta consciência -
a qual é muito erroneamente confundida amiúde
com a nossa superacelerada capacidade
de cognicão.
(ao sustentar tal ideia, falaciosos
afirmam muito idiotamente que, tipo,
animais não têm consciência, sendo que
do pressuposto di vino, até mesmo a pedra a tem.

Se nós, que nos dizemos evolucionistas e tal
racionalistas, sei lá (ignorando a possibilidade 
da ainda extrema limitacionalidade da nossa amada raz(n)ão)
dispomos dessa qual consciência, seria, não acham?,
 demasiada presunção
(maior do que a que eu tenha ao cá redigir essas letras)
negar que a nossa vontadeconsciente seja fruto de umoutra.
E achar que somos bizarramente os primeiros
mesmo  tão pequeninos sejamos.

Há algo maior que a minha testa e o meu corpo. E há algo que os atravessa. Uma ideia.
e Há.

Desculpem-me qualquer ofensa mas:
Burrice a deles! Muita empáfia e descrença de alguns...


Quem tiver ouvidos, ouça!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Omni Ser Uno Síssimo

para E.E. Cummings, Isadora M. e todos nós


umas parvas parcas falhas outras
várias malhas caras caem livres
mais declives criam mais gritantes
formas de embriões, embebem cores mais sutis

plácidos valquímeros calcantes pesam
vibram, arre, pendem dum cabresto externo
canticíssimos se rendem a querer e a suspeitar
nas quinas todas químicas que me se tornariam, ora
ela na cena das calmárias queimantões amores

vértices de muitos véus se encristam
desêjosos de tato e virtude ao ponto 
chave da partida do constante ziguezague
dos curvículos reticentinos alpinistas

do criar-te-nos um istmo dentre quais sombras
sobras distorcidas coloradas idas fotodescendentes
piscam dum calar num carcarejo vivical
polivativamente e tal, cantante (por que não?)

seguintemente os primos, prímeiros palquistas
consequentemente sincompõem meiguices
inarticuláveis tons coreografadamente líquidos
milagres, com se tudo embrenhar-se-ão por vezes
na inverdade mista de verdades câmbias e cambotas


bem, sabemos, mas não bem exatamente
quantas certamente se fariam possibilidades
se um se prestasse a lançar-se a fazer
muito bem daquilo que se quisesse e contemplasse

a magnitude cálida e dançante
dos quês inúmeríssimos que advêm
do Omni Ser Uno Síssimo
Lúcia de Glória e Conceição Sofia.