.Deus,
acaba com a pós-modernidade
porque a pós-modernidade está acabando comigo;
essa cria dúbia, dilacerante
sina de viver após a modernidade.
Deus:
porque de todas as palavras santificadas
que eu tenha ouvido, inventado
eis a que escolhi pra dar mais força
e significado.
Deus que é meu Pai
meu Irmão Amigo
Filho mais amado,
estende a tua mão a guiar-me o caminho
outrora perdido. O caminho
de caminhar com exatidão ainda
que seja no chão da mudança.
Deus que é Deusa
e se faz mulher que é
fecunda e se faz vaidosa
geniosa, p'rigosa -
nåo cries, Deus que é mãe do mundo,
ressentimento de nós, homossapiens
porque há pouca coisa no mundo que me afaste
como uma Mulher ressentida. Suplico
que tenhas, em vez, a ternura
e a misericórdia
que tiveste no coração de Maria, Tua mãe
ao ver-Te Jesus, crucifixo.
E é por Te amar assim e amar
o que há de Ti em mim em nós
em tudo que há, é que eu, que prossigo
a fitar-Te o semblante magnífico
como se fitasse a mim mesmo no espelho,
Te peço em canto,
que acabes co'a pós-
Modernidade.
Essa mulher torpe do diacho maligno
deflorando da criança o corpo
num demônio em flor.
Devolve-nos, Ó Deus de deuses
e titãs e orixás e de mães e de pais
de profetas
e magos e reis
Ó Deus tão maior que a imensa solidão
lucidez dos Poetas
Cura-nos, Deus
Pajé
Sara-nos essa escabrosa ferida
antes que a fera da treva Nos envolva em silêncio.
Eu respeito, meu Deus, o silêncio magnânimo
de que só a Tua voz é capaz, Deus bonito,
mas insisto em cantar,
e é num canto oração
que barganho a canção de mais dez novas eras
de mais brilho mais luz
para que aqui se possa
cantar em louvor
ao Amor que só Nós conhecemos.
Por isso, ao dedo de Deus
que se faz no topo
da espiral do tempo
eu imploro que interceda e socorra
e que ajude a subjugar essa dúvida escura
essa empáfica descrença em Ti em Nós em Tudo
que se alastra e nos come e vomita perdidos
no abismo da falta de Significado e nos embebe
na tamanha escuridão onde a Luz é uma ofensa, uma mágoa:
maculada cegueira dos que olharam demais
e não viram florir Teu Amor, Ó meu Deus.
E eu canto, ajoelho-me e espero
a esperança brotar no meu ventre
e no seu e no vosso e que a Måe da bonança,
que é a Terra e o Vento e é o Fogo
que é o Ventre mais morno, o conforto das águas
mais calmas. E que é água e que é água e que é água
o Teu universo único de liquescências.
E eu espero o findar da pós-modernidade
e em verdade encontrar-me pra nós o realismo
mais sóbrio e abrupto de ser-se um romântico
e cantar-se o cantar-Nos
e o nosso negócio há de ser Te cantar
e louvar e adorar e permitir que cantes
também Tu, Ó meu Deus
em uníssono.
E dancemos, meu Deus uma valsa infinita e transcendental
numa eterna celebração do dia fatal em que fizemos as pazes
e acabamos com a pós-modernidade
em prol da unidade.
Festejemos conosco, nosso Deus de regalos e mimos
os diágolos íntimos e as verdades mais sábias do Teu
Reino de Amor.
Me ajuda, meu Deus a ajudar minha raça
a sair do poço trevoso e lamacento da pós-modernidade
e a sermo-nos ora aquela luminosa clareira pacífica
que antevi na utopia do canto.
Acaba, pelo Teu pelo Nosso Amor de meu Deus
com a pós-modernidade
porque a pós-modernidade está acabando comigo; conosco.
4 comentários:
aaaaahhhhh!!!!
acaba Deus, com a pós modernidade
porque ela também tá acabando comigo.
gostei do teu Deus, mui digno dos teus versos.
porque não podemos dinamitar a ilha de manhatan...
a resistência é, e sempre foi, criação de sentidos...
não sei.
Que deus te ouça.
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