sou uma igrejinha(não grande catedral)
distante do esplendor e da sordidez das cidades corridas
- eu não me preocupo se dias mais breves tornam-se os mais breves,
eu não me lamento quando sol e chuva compõem abril
minha vida é a vida da colheita e da semeadura;
as minhas preces são as preces dos desgraciosamente esforçados filhos
(achando e perdendo e sorrindo e chorando)da terra
de quem qualquer desventura ou gozo é meu próprio descontentamento ou sorriso
à minha volta surge um milagre de incessantes
nasceres e glórias e mortes e ressurreições:
sobre meu eu que dorme há flutuantes símbolos que flamejam
de esperança,e eu desperto para uma perfeita paciência de montanhas
sou uma igrejinha(distante do mundo
frenético com seus deleites e angústias)em paz com natureza
- eu não me preocupo se noites mais longas serão as mais longas;
eu não me lamento quando o silêncio se faz canção
inverno por primavera, eu levanto minha torre diminuta ao
misericordioso Ele Cujo único agora é o sempre:
eis-me ereto à livre de morte verdade de Sua presença
(dando as boas vindas humilde, à Sua luz e orgulhoso, à sua escuridão)
texto por: E. E. Cummings
tradução: Conrado Segal
3 comentários:
bravíssimo!
Essa igrejinha esconde, em seu íntimo, uma catedral.
o gozo final de ter entregue as pautas foi maravilhoso!!!rsrs
com direito a rio das ostras
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