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Lume

terça-feira, 4 de maio de 2010

para Bianca

olha
meus dedos, que
a ti tocaram-te
e à mornidão e à áspera
pequenez
-vês?não remontam meus
dedos. Meus pulsos mãos
os quais retiveram carinhosamente o suave silêncio
de ti(e teu corpo
sorriso olhos pés mãos)
são diferentes
do que foram outrora. Meus braços
em que tudo de ti se dobra
quieto,como uma
folha ou'ma flor
nova feita pela Primavera
Ela própria, não são mais meus
braços. Eu não mais reconheço
como eu mesmo este que acho ante a
mim num espelho. eu
não creio
que eu jamais tenha visto algo assim;
alguém a quem tu amas
que é bem mais esguio
mais alto que
eu adentrou-se e tornou-se tais
lábios com quais eu falava,
uma nova pessoa está viva e
faz gesto com os meus
ou talvez sejas tu quem
com a minha voz
estás
jogando.
Poema por E.E. Cummings
tradução por Conrado Segal

Ora eu deito(com tudo o que há em volta)

Ora eu deito(com tudo o que há em volta)
-me(o grande mudo som profundo
da chuva;e do sempre e do nada)e

que mais gentilmente acolhedora escurissimidão-

ora eu deito-me(num muitíssimo agudo
mais que música)sentindo que a luz solar é
(vida e dia são)tão somente empréstimo:enquanto
que noite é-nos dada(noite e morte e a chuva

são dadas;e dada nos é quão belamente neve)

agora eu deito-me para sonhar(nada
que eu ou quem queira ou você
possa começar a começar a imaginar)

algo que ninguém pode manter.
ora eu deito-me para sonhar Primavera.

Now i lay(with everywhere around).. por E. E. Cummings
tradução estilística por Conrado Segal

http://famouspoetsandpoems.com/poets/e__e__cummings/poems/14339

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sustentabilidade

O Poeta partira então pequenino
numa metaviagem

Numa jornada já não sem saudade
em busca de preciosidades

Consigo levava só diário de bordo
e de pura linguagem

"Cru e nu como vim ao mundo", pensou
"Sem mais apetrechos ou vestes fantasmas",
caminhou com calma

Destino: algo incerto - nada muito perto
estrata tortuosa

Para por fim tecer-se um véu de lindezas
em poesia lustrosa

De um seu espírito colecionador
se valeu muito embora

quisesse apenas coletar as pequenas
miudezas da vida

Dos sítios d'alma dentre os quais visitou
trouxe algumas palavras

Palavras que, frágeis de um quebracabeça,
são carícia e navalha

A alma fecunda do poeta fora
- pra além de Sodoma, depois de Gomorra
transpondo o muro das Verdades e o abismo dos Esquecimentos
onde os germes ruminam e a gênese abunda -

buscar solo fértil
e semear-se.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

The Moment in Movement (O Momento em Movimento)

Hey Fingers... That poem about space-time you sent me which I liked very much and which I posted months ago, I yesterday translated it to English and thought: wow, that's something.
So there it goes:

The Moment in Movement
The hence passway counter-time
is configured up to eternity

All Iime is anti-time
They corroborate and selfnullify
for Time in extension
does not pass.

Space unfolds
selfreprojectingly through
the dimension of time
in order to apprehend itself
within a new second
Thus for equity
be consecrated eternal.
(and existing becomes
some sort of velocity)

That: may be called dance, interaction

and all the rest refers to its gravity.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Infinito Recipiente

Há inúmeras
janelas certas, diretas
por través das quais se contemplar
e conceber-se infinitos.

Estai atentos, tende olhos,
focai!, não tenhais medo ou receio
daquilo que os covardes
temem e
tendem a
chamar loucura ao negarem
o Gênio.

E cuidado a não terdes
a impressão que a entrega
se dá à exaustão da subida. Do contrário:
é, na verdade, uma confortante
e deleitosa (sem para)queda(s).

Sabereis vos dar a ela?
Tereis no peito a bravura, ao acharde-la,
de vos lançardes da janela,
de cujo parapeito admirais,
atônitos, rumo ao glorioso,
imponente infinito recipiente?

terça-feira, 30 de março de 2010

Réquiem precipitado à suposta morte da Poesia

Houve quem disse que a Poesia morreu.
Ao ouvi-lo, recuso-me terminantemente
a aceitar o fato. Rejeito, edipiano,
a ideia de cortar o cordão
umbilical.

Se me mostram o corpo,
serei como a amante mais desconsolada
ou como criança cujo pai
caiu sem vida.
Chorarei, espernearei,
lamentarei um luto infindável.
Velar-lhe-ei a necrose
num pranto de sete eras
e declararei guerra a Deus.

Eu o farei.

Ainda que a Poesia
tivesse sido puta barata,
que se vendesse a pouco
ou a quase que nada.
Mesmo que tivesse sido
uma virgem frágil, facilmente corrutível,
que se umedece ao primeiro toque da mão
e diz que não
que quer que não que quer.

E mesmo sendo o Poeta um mendigo,
um amigo pidão.

Neste mundo de sombras,
e tantas glórias silenciosas,
o Poeta implora
a esmola de dois minutos sinceros
da tua atenção.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Acknowledgement to the Divine

To all those whose lives
are driven by fear
I will say "Love
what you are and be glad to be"
Because everywhere is home
and we belong here.

And do not daresay you own whatsoever.

All is one
and one shall not have

It's us, dearest one
Who actually belongs.

We might finally find happiness
and might as well stop
regardlessly taking
when Love takes over Fear
and Debt becomes Gratefulness

(I see now that's what they've been talking about!...)

Whispers:
-Accept the bless, embrace the mess
Let go with the river
Flow!